quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Crônica de um fora...



Abri a porta, entrando em casa encharcada pelo temporal que desabava lá fora, meus cabelos vermelhos molhados e colados no meu rosto tampavam os olhos borrados pela droga do rímel que não era á prova d´ água. 
A chuva que me surpreendera, fora apenas o fechamento de um dia nada feliz, se pudesse voltava no tempo e acordava de novo, mas agora nada poderia reverter todos os acontecimentos infelizes dessa tarde.
Me sentei em frente a lareira na esperança de me aquecer um pouco, com a xícara de café nas mãos, enquanto revirava meus pensamentos em busca daquela esquina aonde tudo se perdeu. 
O barulho da chuva embalava a noite como se fosse uma melodia sombria, puxei a caixa escondida dentro do armário,  joguei a tampa em cima do sofá e revirei as lembranças, cartas e fotografias, tanta coisa de gente que já foi embora.
Tanta coisa que nem mesmo eu me lembrava mais, fotos do que já fomos um dia, e eu queria respostas de como tudo terminou assim, você podia ter sido um pouco mais honesto, mais agora tudo que me restava era seguir em frente.
Liguei o chuveiro na temperatura máxima, enquanto me despia , despejei uma boa quantidade daquela sabão  liquido que você deixou aqui, aquele que tinha cheiro de lavanda, e por alguns segundos fora como se você estivesse aqui.
O corpo cansado, os olhos borrados, e os cabelos colados, ainda assim eu consegui me manter de pé, nem sempre fora assim, costumávamos ser um casal daqueles que todo mundo olha com admiração...
Engoli seco os pensamentos enquanto a água quente corria pelo meu corpo, aquecendo minha alma tão ferida e fria , não queria entrar naquele processo de procurar por respostas para perguntas que obviamente não tinham respostas.
Não queria iniciar um processo pelo qual já havíamos passado, e que se mostrara inútil, mas depois de um dia como esse, era impossível não se perguntar como viemos parar aqui.
E eu tinha certeza de não havia nada errado, não foi errado, eu teria errado se continuasse com alguém que não me queria mais, alguém que não me respeitava mais, sim isso seria um erro.
Fechei o chuveiro, me enrolei na toalha, e caminhei até o quarto, o seu lado da cama vazio, e os lençóis revirados, fechei meus olhos por alguns segundos e me dei conta de que não estava sonhando.... 
Resolvi pular as dores, pular o choro, fechar os olhos e me enrolar na coberta .....


Por Paula

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